segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

CONTACTOS

ASSOCIAÇÃO VIAGEM DE VOLTA

Sede: R da Bela Vista, 58-E

 2500-432 – Couto – Caldas da Rainha

Comunidade Terapêutica: Estrada da Boavista, nº 16      S. Mamede – 2540-673 Bombarral

Teles. 262606038 / 962644699

Nº Fiscal de Contribuinte: 504 273 876

QUEM SOMOS

A Associação VIAGEM DE VOLTA é uma Instituição sem fins lucrativos dedicada ao tratamento da toxicodependência.

Esta comunidade terapêutica surge, como uma alternativa válida para o combate à toxicodependência, possibilitando que um indivíduo isolado face ao meio envolvente, possa interligar-se a outros indivíduos em grupos comunitários com redes de relacionamento, potenciando, com o intercâmbio de experiências e conhecimentos adquiridos, a redescoberta da sua própria vida.

 HISTORIAL

A Associação foi criada em 1998, por iniciativa do Presidente Vítor David e Vice-presidente Sónia David.

Foi adquirida uma quinta em S. Mamede que viria a ser a Comunidade Terapêutica da Viagem de Volta.

Sendo que, inicialmente existia somente o edifício da casa, ao longo dos anos a Associação foi crescendo e demonstrando o seu importante papel no desenvolvimento social.

Esta evolução foi realizada devido ao empenho de toda a equipa terapêutica, com o trabalho dos utentes em programa desde então.

Actualmente além da casa mãe, existem outras infra-estruturas, que foram criadas de forma, a possibilitar a entrada de mais utentes que nos procuram, mas também para proporcionar bem-estar e conforto aos utentes, sendo usado este trabalho como actividades ocupacionais.

CRONOLOGIA

1998            Aquisição da Quinta em S. Mamede – Bombarral, pelo Presidente Vítor David e Vice-Presidente Sónia David.

1998            Constituição da Associação denominada Viagem de Volta, Instituição particular sem fins lucrativos, registada de acordo com o artigo 57º, Dec. Lei n.º 16/99 de 25 de Janeiro, por despacho de 25/10/2000.

1999            Constituição do corpo Técnico e Clínico.

2000            Atribuição à Instituição, Licença de funcionamento pelo SPTT.

2002            Celebração da convenção entre as entidades designadas por SPTT e Instituição respectivamente, de acordo com o despacho conjunto da Presidência do Conselho de Ministros e do Ministro da Saúde n.º 261/A/99, de 24 de Março, publicado no suplemento do Diário da republica IIª Série n.º 70. Com a atribuição à Instituição de 7 (sete) camas convencionadas.

OBJECTIVOS DA INSTITUIÇÃO:

Ø  Orientar para a abstinência pessoas toxicodependentes.

Ø  Consolidar os factores de protecção dessas pessoas.

Ø  Facilitar-lhes o processo de integração social.

Ø  Promover a cura, reabilitação e reinserção dos toxicodependentes.

Ø  Ajudá-los a viver sem drogas.

Ø  Orienta-los no sentido de aprenderem a lidar com situações de crise.


OBJECTIVO SOCIAL:

Ø  Promover e realizar a recuperação física, psíquica e social de toxicodependentes, observando as leis vigentes em matéria de saúde e higiene.

Ø  Promover informação objectiva e científica sobre a temática das drogas legais e ilegais orientando-as no âmbito familiar, escolar, laboral e social.

Ø  Promover a cooperação de Entidades Públicas e Privadas.

Ø  Realização de actos, subscrição de documentos, elaboração de contratos que sejam meio ou consequência do objectivo da Associação.

Ø  Apoiar socialmente, Entidades Públicas e Privadas que se dediquem à reinserção social de ex-toxicodependentes.

Ø  Apoiar socialmente Entidades Públicas e Privadas que se dediquem a promover acção social, arte, cultura e desporto.

Testemunhos

Passagem pelo Mundo das drogas

Antes do tratamento

Iniciei o consumo de drogas novo, sem pensar nos riscos que corria e quando reparei já era muito tarde. Há sensivelmente 10 anos, foi quando me deparei realmente no beco sem saída, onde me encontrava. Não conseguia viver sem me drogar!

Com a morte do meu pai, a minha vida desmoronou-se, nada tinha sentido para mim, a não ser “estar de cabeça cheia”, então como não tinha posses para comprar, entrei no mundo do crime. Pois, nessa vida e sendo toxicodependente era chapa ganha, chapa gasta, mas sentia-me o maior, não tinha respeito a ninguém, nem à minha própria mãe, que sempre quis o meu bem e eu nunca vi isso, pelo contrário, achava que ela me queria controlar e eu não suportava isso.

Perdi todo o interesse dum rapaz de 20 anos, em vez de pensar em estudar, de trabalhar, arranjar namorada e divertir-me, como um adolescente normal, a minha maior preocupação era drogar-me e arranjar consumo para o dia seguinte. Deixei de gostar de mim, e entreguei-me completamente de corpo e alma à droga. A droga era tudo para mim, minha namorada, minha mãe, minha amiga e minha solidão. Afastei-me de toda a gente que me queria bem, família, amigos entre outros. Desvalorizei-me a mim próprio e fui cair na cadeia, onde foi a minha casa durante algumas vezes e aí senti a aprendi, o que era sofrer e que aquela pessoa que eu renunciei tantas vezes, lá estava nas visitas, a dar-me apoio, carinho, afectividade e a dar-me tabaco e dinheiro para o meu maldito vicio. Por isso aquilo que agora escrevo corresponde à verdade:”

No tratamento

Quando vim para esta maravilhosa casa há cerca de 2 anos, estava um pouco desacreditado, já não sabia se conseguia ou não, porque foram tantas recaídas, tantas outras casas, por onde passei, que fiquei desiludido comigo mesmo. Mas ao contrário do que eu pensava, esta é uma casa diferente das outras por onde passei, aqui fazem-me ver quem eu era, e quem eu sou na realidade. O mundo que eu pensava que vivia e que não era bem como eu dizia, as minhas ilusões, as minhas mentiras, tudo aquilo que nós somos quando toxicodependentes.

Mas nesta instituição existem pessoas que sabem realmente o que é o mundo da droga e não foi por tudo o que disse e o que fiz, que me rejeitaram, pelo contrário apoiaram-me cada vez mais e disseram-me tudo aquilo que já mais alguém me disse, o que me fez sentir e tomar uma decisão, ser o Arlindo e não o rufia. Foi então que descobri que para ser um ser humano igual a tantos sem me querer evidenciar, mas sim, ser uma pessoa normal. Comecei a ter responsabilidades, a gostar de mim, a saber ajudar os outros, a respeitar e ser respeitado, no funcionamento do dia a dia, na cozinha, na minha maneira de falar e na minha forma de estar comigo e na vida. Sinto que estou realizado e agradeço do fundo do coração às pessoas que nunca me viraram as costas, o presidente Vítor David, sua esposa Sónia David, o monitor Capela, a psicóloga Dr. Teresa, à minha rica maravilhosa e encantadora mãe, que todos os sacrifícios têm feito por mim. Agora a minha mãe porque está a acreditar em mim e naquilo que sou capaz, deu-me um carro porque agora sim, sabe que sou o verdadeiro filho que ela criou e confia em mim e quero aproveitar esta oportunidade para lhe mostrar e agradecer por tudo isto. Se hoje sou quem sou, posso agradecer à Associação Viagem de volta” a à minha rica mãe. Obrigado por me ajudarem a reabilitar.

 Arlindo


Antes do tratamento

Tenho 38 anos, passei uma infância atribulada, tendo começado os meus consumos aos 15 anos, por rebeldia, achava eu que era mais homem ou mais aceite no seio dos meus amigos se fosse como eles. Iniciei os consumos com eles, daí até ser baptizado foi de repente com consumos de heroína e cocaína em simultâneo. Nunca tive ninguém que me orientasse, quer a nível familiar quer a nível económico. Fui sempre até à data autónomo, porque trabalho desde os 13 anos. Nos primeiros anos tudo foi bonito, um grande “casamento” que durou até eu começar a perder empregos atrás de empregos, deixar de ter o pouco contacto que tinha com a família e até começar a reduzir o meu meio social. Só me relacionava com outros consumidores, eventualmente e só por conveniência falava com outros amigos para obter muitas das vezes suporte financeiro para as drogas. Numa altura que já não podia mais eis quem apareceu, a pessoa por quem me apaixonei, casei e dessa relação nasceram dois filhos, tudo isto envolto numa relação conturbada, porque sempre escondi da minha família, a minha toxicodependência, até que um dia cansado de tudo, e sem hipótese de continuar a mentir, fui confrontado pela minha esposa e eu admiti por fim, o meu problema, fui ajudado com a condição de resolver esta doença, mas eu concordava, dizia que sim, mas nada mudava, mentia. Vivia noutro mundo, continuava os consumos, perdia os empregos, ate que acabei por perder o meu casamento, a minha família e tudo aquilo que eu tinha planeado para mim. Fui viver sozinho, e a decadência foi total, passei a frequentar 24 horas/dia, os locais de consumo, não tinha cuidado com a minha higiene, passava fome, frio e sentia aquela raiva porque já tinha tido tudo, uma família, uma boa casa, o meu carro, tudo, mas por causa da droga acabei com isso, só restou e para sorte minha, a ex. esposa, aquela que eu me tinha apaixonado, que um dia chegou à minha beira e disse-me, depois de eu lhe ter pedido ajuda, se precisares de ajuda eu dou-te, mas com a condição de ser a última. Eu já não tinha nada a perder, e aceitei. Fui internado numa clínica, mas ao fim de um mês abandonei, aquando a saída recaí e andei mais algum tempo perdido, ao ponto de duas tentativas de suicídio, mas mais uma vez a ex. esposa me ajudou e orientou-me para uma instituição, estive lá 3 meses e abandonei, onde tive conhecimento de outra instituição de nome Viagem de Volta no Bombarral.


No tratamento

Fui encaminhado para lá directamente e graças a Deus que fui, pois além de eu ter sempre o apoio da ex. esposa, comecei a ter outro tipo de apoio, quer a nível sentimental, quer a nível psicológico. Eu fui sempre muito impulsivo, e com a ajuda do pessoal técnico desta instituição, comecei a ver o meu tratamento com outras expectativas. No tratamento aprendemos a viver com as frustrações e a ultrapassá-las. Existe um ambiente familiar e foi com essa ajuda que consegui reconciliar-me com a minha esposa e filhos. Sinto-me bem, vejo objectivos para a minha vida futura, começo a ter de novo auto-estima e sei que se não fosse aqui eu nunca conseguiria estar neste momento a dar este testemunho. Por isso, só posso dizer que me vou sentir grato a todo o pessoal técnico desta Associação de nome Viagem de Volta, por me fazer ver o caminho e trazer-me de volta a VIDA.

Tony

 

Antes do tratamento

O meu nome é Ana tenho 34 anos. Durante 12 anos fui toxicodependente, vivia unicamente em função do meu consumo diário e quase tudo o resto me passava despercebido. Eu e a droga, em conjunto, sempre foi o que mais sentido fazia na minha vida, felizmente durante uns tempos consegui estudar, consegui trabalhar, mas nunca consegui viver a realidade das coisas, durante os primeiros anos de consumos, não é fácil, mas consegue-se suportar e viver a toxicodependência, falo por experiência própria, mas a partir de certa altura, comecei a caminhar para o abismo, porque perdi a confiança da minha família (mãe principalmente), porque tive necessariamente que percorrer outros caminhos, tive que enganar, tive que roubar, tive tantas vezes que manipular e mentir, mas só assim e muitas vezes nem assim era capaz de satisfazer os meus caprichos, desejos e o meu maior vicio. Tive muito medo de não conseguir um dia pedir ajuda, queria que me ajudassem, porque queria ser feliz. O consumo de drogas tiraram-me a alegria de viver, e fizeram-me tirar tanta coisa a tanta gente, tanto a nível material como sentimental.

Mas aquele dia chegou…o dia em que tive o ultimato,” ou te tratas ou esquece a tua mãe”!

Ela é o meu maior orgulho, por isso resolvi tratar-me.


No tratamento

 

Entrei numa comunidade terapêutica …e muitas vezes me pergunto, porque não o fiz mais cedo! Mas também tantas vezes me perguntava porque consumo drogas!

Agora sinceramente, e porque hoje consigo ser sincera, honesta e verdadeira, principalmente comigo, o mais importante é viver aqui hoje.

Vivo em comunidade, vivo com um colectivo algo impensável para mim, cheguei aqui quase obrigada e hoje garanto, ninguém me obriga a sair, hoje conheço-me sem drogas, hoje vivo feliz comigo, hoje consigo sentir e viver a realidade das coisas,

Foi-me difícil no início porque queria tudo à minha maneira, tal como acontecia quando estava lá fora, mas aprendi com muito custo e com muitas chamadas de atenção, porque aqui há alguém que acredita em mim e nunca me deixou desistir.

A vida em comunidade é uma adaptação à realidade, é o viver em conjunto, é a inter-ajuda, é o início de uma futura vida em sociedade. Aprender a ouvir, a cumprir regras e horários…

Por tantos confrontos interiores já passei, tantas vezes já falei baixo e me calei, que honestamente, gosto muito mais de mim assim.

Hoje conheço os meus limites, as minhas capacidades e todos os dias consigo sempre dar mais de mim

Amo viver sem drogas.

Obrigado Mãe pelo teu ultimato.

Obrigado “Viagem de Volta” por me deixares fazer parte da tua família.

Hoje à minha maneira sou Feliz!

Este é o meu testemunho:

“Vivo sem drogas, que era o meu principal objectivo”

Ana

 

Antes do tratamento

O meu nome é João tenho 33 anos e sou um ex-toxicodependente em recuperação na Associação Viagem de Volta.

Comecei a consumir haxixe aos 16 anos com os meus amigos de infância, do prédio onde morava, no Cacém.

Aos 18 anos foi quando experimentei a heroína, ainda me lembro com quem foi e onde foi. A partir dai a heroína começou ser a minha droga de eleição.

Quando comecei a consumir heroína, estava a viver em casa da minha avó em Abrantes. Fui para Abrantes estudar para sair do Cacém, onde alguns dos meus amigos de infância, do meu prédio e da rua já tinham começado a consumir heroína. A partir dai a minha vida começou a degradar-se, na escola comecei a faltar mais vezes às aulas, o aproveitamento escolar começou a diminuir, a minha avó começou a desconfiar, mas não dizia nada aos meus pais, para não os preocupar, a namorada, com a qual mantive um relacionamento de 6 anos, como só a via aos fins-de-semana pensava que era só bebida e haxixe muito esporadicamente. Depois de acabar o curso, onde tirei uma média baixa e equivalência ao 12º ano, fui para a tropa em Santa Margarida, onde entrei a consumir, estive nove dias sem sair do quartel e mal senti a ressaca, mas quando fui de fim-de-semana a casa e ia a chegar a Lisboa senti todos os sintomas da ressaca, o que para mim demonstrou que por vezes somos dominados pela nossa fraca mente, o que nos leva a querer consumir cada vez mais. Passado algum tempo de eu estar na tropa os meus pais descobriram que eu consumia, o que para eles foi um grande balde de água fria, mas eu dei pouca importância, pois já estava envolvido demais nos consumos.

Quando sai da tropa fiz a minha primeira tentativa de sair das drogas, estive 15 dias com o meu pai em Abrantes em casa da minha avó, mas não valeu de nada, pois eu só queria consumir e estava a lixar-me para tudo o resto. Depois desses 15 dias fui trabalhar para a empresa onde o meu pai trabalha há 40 anos, porque o meu pai pensou que já estava tudo bem e porque é um trabalho que eu gosto bastante (electricista). Mas fui colocado em Lisboa, muito perto do Casal Ventoso, e não no Cacém que é onde o meu pai está, para onde mais tarde acabei por ser transferido para não correr o risco de ser despedido.

Julgo que dá para imaginar que a partir da minha ida para Lisboa a minha vida sofreu um abalo profundo, nessa altura contraí o vírus da hepatite B e C, fiz mais algumas tentativas falhadas para sair da droga, numa dessas tentativas que foi através do C.A.T. de Belém, fiz uma desintoxicação em casa dos meus pais, na altura já tinha casa onde vivia com a minha namorada, as coisas até não correram mal pois aguentei-me 3 meses sem consumir e consegui ter na altura, casa, carro e mota além de namorada, são coisas que qualquer jovem com 24/25 anos ambiciona ter e eu tive, mas mais uma vez deitei tudo a perder, porque só queria consumir e nada mais interessava.

Passados dois anos a viver junto com a minha namorada, depois de muitas discussões, de muitas artimanhas e bastantes consumos, numa das minhas idas à Cova da Moura, fui apanhado pela polícia e passei duas noites nos calabouços, quando cheguei a casa falei com os meus pais e com a minha namorada para ir para uma comunidade terapêutica, até ai tinha-me sempre negado a ir, mas como vi que sozinho não conseguia e como queria experimentar uma maneira diferente, ficou decidido que eu vinha para a Associação Viagem de Volta (abençoada hora em que eu pensei nisso).            

Quando entrei para a Associação Viagem de Volta paguei uma boa factura que foi perder a namorada, a casa, o carro e a mota, além das doenças que contraí. Estava bastante debilitado fisicamente e psicologicamente, mas não tinha perdido a ajuda dos meus pais nem o trabalho, pois pedi baixa médica por doença. Tenho a certeza que foi o que me fez não deixar de lutar por uma vida diferente, que até aqui tinha sido decadente e um futuro promissor que até aqui era sombrio.

Na comunidade não senti muita dificuldade na minha integração, porque estava convicto que tinha que mudar muitas coisas em mim, para conseguir uma vida independente e sem drogas. Aqui aprendi a ser honesto comigo e com os outros, aprendi a controlar a minha impulsividade, o sentido de responsabilidade, a partilhar sem estar à espera de receber algo em troca, a enfrentar as situações do dia-a-dia sem virar as costas (ex. atritos entre nós, utentes), aprendi que cada situação que conseguimos ultrapassar é um passo que damos para o nosso crescimento pessoal.     

Nestes três anos que estou na comunidade houve verdadeiras mudanças na minha maneira de ver as coisas, mudanças que o tempo ajudou a cimentar.

Apesar de não ter muito jeito para escrever o que sinto, podia ter escrito muitas mais coisas que aprendi e absorvi mas penso que o essencial consegui transmitir. A mensagem que eu gostaria de deixar é de que, para se mudar tem que se querer, tem que haver motivação para prescindir de muitas coisas que até então faziam parte da minha vida. O tempo em comunidade é bastante importante e nunca por nunca desistir, isto porque as tentações são muitas, e temos que ter muito auto controle, para superar certas contrariedades do programa como na vida. E penso que são peças fundamentais para o sucesso da reabilitação, sendo que esta começa em comunidade mas temos que ter atenção e manter sempre a reabilitação para o resto da nossa vida.

Neste momento estou a preparar a minha inserção em conjunto com a associação e os meus pais.

Nunca me vou esquecer que o esforço é sempre igual à recompensa e não há recompensa sem esforço.

A minha recompensa vai ser viver a minha vida sem dependências e conseguir tirar o maior proveito dela (VIDA).   

Composição da Equipa Técnica

Para que o processo de reabilitação dos utentes seja conseguido com sucesso, para além da força de vontade que os mesmos devem possuir, é necessário o trabalho conjunto de técnicos e monitores.

A Associação Viagem de Volta, de acordo com a lei vigente nesta matéria, conta com a participação de um corpo técnico formado por especialistas em diversas áreas.


Sector Clínico

 

Director

Dr. Eduardo Fernandes Þ Clínica Geral

 

Psiquiatra

Dr. António Cabeço Þ Psiquiatria

 

Psicóloga

Dr.ª Teresa Paula Ferreira dos Santos Þ Psicologia

           

Sector de Orientação Permanente

 

Vítor Manuel Machado David

 

Sónia de Andrade Martins Ferreira da Rocha David

 

Auxiliares de Apoio ao Pessoal Técnico

 

Fernando Carlos Capela Pereira

 

Rubrica "Outro Olhar sobre as Drogas"







Como Detectar o Consumo de Substâncias em Meio Escolar

 

Caro Leitor. Na Escola os jovens com comportamentos agressivos apresentam frequentemente problemas de atenção, fracas capacidades de leitura e défices cognitivos no domínio social, défices sócio-cognitivos estes considerados responsáveis pela agressividade para com os pares. Uma outra característica destes jovens em risco aquando da entrada na escola refere-se ao facto de não disporem de adequado apoio familiar quer do ponto de vista do comportamento, quer do rendimento escolar.

 

Tendo em atenção em estes aspectos, diversas abordagens de prevenção dos comportamentos anti-sociais têm sido concebidas para implementação em contexto escolar. Um aspecto bastante relevante a considerar em meio escolar é a delineação de estratégias centradas na organização e gestão do sistema escolar, as quais visassem essencialmente a promoção de experiências escolares positivas, de forma a reforçar o desenvolvimento de ligações do jovem à escola e diminuir a probabilidade deste de associar a pares delinquentes.

 

Na sala de aula é importante colocar em prática estratégias e técnicas preventivas que visem o estabelecimento de um ambiente positivo para aprendizagem, evitando a ocorrência de incidentes susceptíveis de perturbar as actividades na sala. O cerne destas técnicas preventivas consiste ainda na utilização frequente e apropriada de encorajamentos e elogios com o objectivo de reforçar certos comportamentos desejáveis.

 

Abordagens baseadas nos conceitos de aprendizagem interactiva ou aprendizagem cooperativa têm vindo a ser aplicadas nos últimos anos. Nestas abordagens, o objectivo central consiste em promover oportunidades de participação activa na aprendizagem como as que estão orientadas para a explicitação objectiva das normas de avaliação e demonstração dos progressos na aprendizagem ou as que procuram incentivar a formação de grupos pequenos e heterogéneos de alunos visando o reforçar do sentimento de inter-ajuda e reduzir a alienação na sala de aula.

 

Tendo-se demonstrado que a agressividade no jovem constitui um padrão de comportamento relativamente estável, bem como um factor de risco significativo relativamente ao desenvolvimento de comportamentos anti-sociais, os esforços de prevenção têm-se ainda concentrado na elaboração de programas de resolução de conflitos e prevenção da violência em meio escolar (Andrews e tal., 1995; Etxebarria e tal., 1994).

 

Situações, circunstâncias ou características individuais são factores de risco associados a uma probabilidade de consumo de drogas. Contrariamente, factores individuais e sociais que reduzem esta probabilidade constituem os denominados factores de protecção. Os factores de risco podem ajudar-nos a detectar consumos de drogas em alunos na escola, nomeadamente no Domínio Psico-comportamental: comportamentos problema precoces e persistentes; insucesso escolar; fraca ligação à escola; alienação; rebeldia; atitudes favoráveis ao uso de drogas; consumo precoce de drogas e a ligação a adolescentes que apresentam comportamentos desviantes.

 

É, no entanto, evidente que iniciar-se no consumo de drogas não é, simplesmente, o resultado da presença de um factor de risco, mas antes a consequência de uma acumulação de diversos factores. Por outro lado, estes factores não exercem os mesmos efeitos nos jovens, havendo indivíduos que, apesar das condições fortemente desfavoráveis do meio em que vivem, não desenvolverem qualquer problema relacionado com o consumo de droga.

 

Para uma melhor compreensão destas situações, evoca-se com frequência a noção de factor de protecção. Os factores de protecção funcionam como uma espécie de escudo ou força contrária em relação aos factores de risco. Assim, por exemplo, se um jovem apresenta problemas de aproveitamento escolar (factor de risco), mas tem um ambiente familiar estável e equilibrado a quem recorre em situações de aflição (factor de protecção), o impacto negativo do factor de risco seria consideravelmente diminuído.

 

Dr.ª Teresa Henriques, Psicóloga Clínica, viagemdevolta@gmail.com